terça-feira, 27 de agosto de 2013

O Estado não pode ser indiferente à autoridade de Deus


As sociedades não podem comportar-se como se Deus não existisse. A Igreja condena o indiferentismo religioso e o laicismo do Estado.
É inegável a importância de se discutir as relações entre Estado e Igreja. Há quase dois milênios as duas esferas se relacionam, ora de modo pacífico, ora por meio de conflitos que podem durar anos, décadas e até séculos.

No começo da expansão do Cristianismo, os imperadores romanos perpetraram uma grande perseguição aos que aderiam à nova religião. Era a primeira grande dificuldade na relação entre o Estado e a Igreja. Mais adiante, na Idade Média, a "questão das investiduras" colocava, de um lado, a liberdade da Igreja em escolher e nomear seus bispos, e, do outro, o poder temporal dos reis. Só depois de o Papa Calisto II e o imperador alemão Henrique V firmarem um acordo – era a primeira concordata formal entre um Papa e um chefe de Estado –, a controvérsia viria a ser superada.
No século XX, com a chegada do socialismo ao poder, a liberdade da Igreja se viu ameaçada em várias nações: muitos de seus bens foram confiscados, parte significativa de seu patrimônio foi delapidada e várias comunidades ainda hoje se confinam a catacumbas, para praticar a fé que receberam dos Apóstolos. Na China, o conflito entre Estado e Igreja salta aos olhos: ao lado da Igreja "una, santa, católica e apostólica" – como professamos no Credo – foi fundada a Associação Patriótica Chinesa, instituição religiosa oficial do Estado comunista. Várias tentativas de sanar o problema ocuparam o trabalho dos Sumos Pontífices, sem sucesso: o governo vermelho chinês tem se mantido irredutível até o momento.

Urge, antes de mais nada, desmascarar uma ideia recorrente: a de que os religiosos não deveriam se intrometer na vida pública ou opinar nas decisões políticas. Com frequência, debatedores pretensamente "esclarecidos" recorrem a este argumento e, defendendo uma mal-entendida laicidade do Estado, sugerem à Igreja o silêncio, quando não a própria sujeição ao poder civil. Para sustentar seus pontos-de-vista, atacam com insistência a era medieval – quando as instituições estavam impregnadas do espírito cristão –, à qual contrapõem o advento do iluminismo e da modernidade ateia.

Hoje, sabe-se que a historiografia que menospreza a Igreja e a sua influência, tachando o glorioso milênio que nos deu os gênios de Agostinho, Anselmo e Tomás de "Idade das Trevas", foi confeccionada ideologicamente, e que, diferentemente do que postulavam os iluministas, a contribuição oferecida pela religião cristã à sociedade civil abrange as mais diversas áreas da atuação humana. "Onde quer que a Igreja tenha penetrado – notava o Papa Leão XIII –, imediatamente tem mudado a face das coisas e impregnado os costumes públicos não só com virtudes até então desconhecidas, mas ainda com uma civilização nova". O Papa Francisco ressaltou esta verdade histórica, quando lembrou que "graças à fé, compreendemos a dignidade única de cada pessoa, que não era tão evidente no mundo antigo".

Separar absolutamente as esferas civil e religiosa não é só, na prática, irrealizável – já que, da mesma forma, não se pode separar as realidades física e espiritual do homem –, mas teoricamente inadmissível.

Primeiro, porque contraria o próprio direito divino. De acordo com a lição da encíclica Immortale Dei, "as sociedades não podem sem crime comportar-se como se Deus absolutamente não existisse". Mais que respeitá-lo, devem elas "seguir estritamente as regras e o modo segundo os quais o próprio Deus declarou querer ser honrado". O Estado não pode permanecer indiferente à autoridade de Deus, para o qual tende todo homem e, por consequência, toda sociedade humana.
Segundo, porque esta indiferença seria extremamente prejudicial à própria convivência das pessoas. Não é possível dar paz e prosperidade a um império prescindindo da religião. Nas palavras do Papa Francisco, "só a partir de Deus (...) é que a nossa sociedade pode encontrar alicerces sólidos e duradouros".

Sobre isto, o último século, repleto de sistemas filosóficos malucos, guerras violentas e campos de concentração, tem muito a ensinar à contemporaneidade: ele lembra – para citar uma sentença do escritor russo Fiódor Dostoiévski – que "se Deus não existe, tudo é permitido". Lembra que são baldados os esforços de se construir uma moralidade "laica", distante de Deus: quando o homem tenta tirá-Lo do centro de sua vida e da sociedade, colocando a si mesmo como medida última de todas as coisas, a própria dignidade do homem se esvanece. São verdadeiras as palavras de Jesus: "Sem Mim, nada podeis fazer" (Jo 15, 5).

A mediação de Maria contra o escândalo do mal


A intercessão de Nossa Senhora é uma das principais armas do cristão contra o flagelo do pecado
A recente decisão do Papa Francisco de repetir o gesto de seus predecessores, consagrando novamente o mundo ao Imaculado Coração de Maria, reacende no coração dos católicos a necessária devoção mariana, já que "não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora"01. Ela, a Tota Pulchra, a Virgem Puríssima cuja maternidade divina se estende desde o céu a toda a humanidade, é quem prodigaliza as bênçãos da paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, repartindo-as de bom grado entre cada um de seus filhos, sobretudo entre aqueles que souberem optar pelo sim total ao seu dulcíssimo coração.

O vale de lágrimas no qual se transformou os países do Oriente Médio, em especial, o Egito, onde centenas de milhares de cristãos estão sofrendo, vítimas da perseguição de extremistas islâmicos, provoca, obviamente, dor, desespero e indignação. A experiência daqueles que, de sobressalto, veem-se mergulhados numa esfera de terror e medo, como é a dessas nações neste momento, suscita as palavras de Cristo na cruz: "Eli, Eli, lammá sabactáni? - o que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Cf. Mt 27, 46). Por outro lado, ao longo desses dois milênios de Cristandade, a intercessão da Virgem Maria pelos filhos da Igreja sempre foi um refúgio seguro para defesa da fé. Com efeito, cada fiel é novamente convidado a recorrer à proteção da Mãe de Deus, tida pela Tradição como a Auxilium Christianorum, sempre que o bem da causa de Cristo estiver em jogo, como o está agora.

Recorda o Papa Leão XIII, na sua Encíclica Augustissimae Virginis Mariae acerca da récita do rosário, que "a história da Igreja atesta a força e a eficácia destas orações, recordando-nos a derrota das forças turcas na batalha naval de Lepanto, e as esplêndidas vitórias alcançadas no século passado sobre os mesmos Turcos em Temesvar, na Hungria, e perto da ilha de Corfu" (Cf. 09). Alçada pela vontade de Deus à graça de cooperar na obra da salvação, Maria, sempre que invocada por seus filhos, não os abandonou à própria sorte, antes, agiu de forma decisiva para o êxito da Igreja e para glória do nome de seu filho, Nosso Senhor e Salvador.

Inúmeros são os testemunhos dos santos que, abandonando-se à proteção maternal de Maria, puderam antegozar na terra o paraíso que os aguardava no céu. Ora, e não há um sequer que tenha chegado à glória dos altares sem antes ter-se formado no cenáculo da Beatíssima Virgem, o qual também formou Jesus durante 30 anos, período em que viveu servindo-a em silêncio e recolhimento antes da sua revelação pública. Tamanha é a pureza de Maria, diz São Luís Maria Grignon de Montfort, "que Ela glorificou mais Deus pela mínima das suas obras (por exemplo: fiar na sua roca ou dar alguns pontos de costura com agulha), do que São Lourenço pelo cruel martírio que sofreu na grelha, e mesmo do que todos os santos pelas suas mais heróicas ações".

Na condição de criatura escolhida por Deus para dar à luz o seu próprio filho, Maria teve a nobre missão de ensinar a Palavra de Deus a falar, uma vez que era Ele "semelhante a nós em tudo, exceto no pecado" (Cf. CIC, n.470). Se, portanto, Deus, para redimir o gênero humano, se submeteu aos cuidados de uma mulher, acolhendo-a por mãe, que resta à humanidade senão ir ao encontro dessa mesma mulher em caráter verdadeiramente filial? Ora, se Deus a amou como Filho, como não amá-la e servi-la também?

Ocorre que, perante o flagelo da humanidade pelo pecado e pela ação destruidora do mal, é exatamente neste momento - lembra Bento XVI - "que teremos em Nossa Senhora a melhor defesa contra os males que afligem a vida moderna". Com efeito, faz-se mais do que urgente a consagração total ao Imaculado Coração de Maria, porquanto "foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que deve reinar no mundo".02

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O mundo diante do Imaculado Coração de Maria


Em um dos eventos previstos no calendário do Ano da Fé, o Papa Francisco repete João Paulo II e consagrará o mundo ao Imaculado Coração de Maria
O Papa Francisco vai consagrar o mundo ao Imaculado Coração de Maria, repetindo o gesto de seu predecessor, o bem-aventurado João Paulo II. A decisão foi anunciada esta semana, através de um boletim informativo do Santuário de Fátima.

O ato de consagração acontecerá no dia 13 de outubro, quando acontece, em Roma, a Jornada Mariana, promovida pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. A oração será feita diante da imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (a mesma venerada na Capelinha das Aparições), que estará na cidade eterna, a pedido do Santo Padre.

A imagem, esculpida em madeira e oferecida em 1920, só sai de Fátima em ocasiões especiais. As últimas vezes em que a imagem saiu de Portugal a pedido de um Pontífice foram em 1984, quando o beato João Paulo II consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria, e em 2000, quando o mesmo Papa, em união com o episcopado do mundo inteiro, entregou à Virgem o terceiro milênio. "A um papa não se diz que não", disse dom António Marto, bispo de Leiria e Fátima.

Outro bispo de Roma que fez questão de consagrar o mundo ao Imaculado Coração de Maria foi o venerável Pio XII. Por meio da carta apostólica Sacro Vergente Anno, assinada a 7 de julho de 1952, o Pastor Angelicus ofereceu a Nossa Senhora o mundo e, "na angústia do momento presente", a Rússia.

Sua Santidade, o Papa Francisco, já demonstrou o seu amor à Virgem Santíssima, ao pedir, em maio deste ano, ao então patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, que consagrasse o seu pontificado ao Seu Imaculado Coração.

Desta vez, é o mundo inteiro que será colocado pelo Santo Padre diante de Maria, Mãe da Igreja. Que este ato do Sumo Pontífice apresse o triunfo do Seu Imaculado Coração!
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere | Informações: Público

A fé, fundamento de nossa existência


A coragem dos mártires e o destemor dos missionários são o maior exemplo de como a fé, longe de ser "o ópio do povo", é capaz de conferir à vida "um novo fundamento"
O autor da Carta aos Hebreus concebe a fé como "substância das coisas que se esperam; prova das coisas que não se veem" (11, 1). É uma definição que destoa muito das formulações modernas, tendentes a olhar para a fé como para um ato irracional, meramente subjetivo, fruto do sentimentalismo ou das instabilidades humanas – ou mesmo para um mero ato da vontade, sem alteração concreta em nossa vida ou transformação efetiva das realidades sociais.

Ao contrário, Santo Tomás de Aquino, confirmando as palavras da Escritura, explica que "o começo das coisas que esperamos está em nós pelo assentimento de fé, que encerra em sua substância todas as coisas esperadas. Esperamos, de fato, ser felizes pela visão imediata da verdade, à qual nós aderimos agora pela fé" (Summa Theologiae, II-IIae., q. 4, a. 1). O Papa Bento XVI, comentando este ensinamento do Doutor Angélico, afirma, em sua encíclica Spe Salvi, que "a fé não é só uma inclinação da pessoa para realidades que hão de vir, mas estão ainda totalmente ausentes; ela dá-nos algo".
A fé dá-nos algo. A esperança de fruir das coisas que não se veem "derrama-se" na história, diz o Papa. O maior exemplo disto é o testemunho de fidelidade dos mártires e a coragem incansável dos missionários, que não pouparam - e não poupam - esforços para atravessar grandes porções de terra e cumprir o mandato de Cristo: anunciar a Palavra a todos os povos (cf. Mt 28, 19). Eles são fortificados pela fé que não esmorece e pela esperança que não decepciona: a estrutura de suas vidas é completamente modificada pelo Evangelho, a ponto de, por ele, não temerem derramar seu próprio sangue ou renunciar a todos os confortos de uma vida abastada.

Neste sentido, a relação que se estabelece entre a esperança cristã e a nossa vida é precisamente o contrário do que pensava Karl Marx. Para este, a "superestrutura" – as ideias e princípios morais que regem a sociedade – seria apenas uma invenção para legitimar condições socioeconômicas injustas – o que ele chamou de "infraestrutura". Daqui a relativização da verdade - que seria concebida unicamente para enganar ou, para usar um termo marxista, "alienar" as pessoas - e a crítica à religião como sendo "o ópio do povo". Ao contrário, Bento XVI indica que, na vida dos cristãos, o alicerce é a fé e esta, por sua vez, modifica total e profundamente sua existência. "A fé confere à vida uma nova base, um novo fundamento, sobre o qual o homem pode se apoiar, e, consequentemente, o fundamento habitual, ou seja, a confiança na riqueza material, relativiza-se".

Para quem crê em Jesus e está incorporado na Igreja, o materialismo histórico não é só uma resposta insuficiente, mas também profundamente falsa. Se fosse verdadeiro, toda a história do Cristianismo, com seus apóstolos, mártires e santos, não faria sentido algum. E a nossa fé e esperança seriam vãs.

A fé que torna Deus amigo do homem


A fé cristã não está somente baseada no serviço e no benefício, mas na sincera amizade com o Deus criador
Um dos testemunhos particularmente belos da história recente da Igreja foi a relação de amizade entre Bento XVI e João Paulo II. "Desde o início senti uma grande simpatia, e graças a Deus, sem eu merecer, o então Cardeal me doou desde o início a sua amizade", contou, Bento XVI, numa entrevista acerca de seu primeiro encontro com o então Cardeal Karol Wojtyla, durante o Conclave de 1978. Para o Papa Emérito, o cultivo da amizade é uma característica dos santos, "porque é uma das manifestações mais nobres do coração humano e tem em si algo de divino".
C.S. Lewis, autor das Crônicas de Nárnia, escreveu, certa vez, que a amizade nasce no exato momento em que uma pessoa diz para outra: "O quê! Você também? Pensei que fosse só eu". De fato, é uma relação de comunhão e identificação, na qual, para parafrasear Santo Tomás de Aquino, ambos aceitam e rejeitam as mesmas coisas. Com efeito, ensina a Sagrada Escritura, "um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro", (Cf. Eclo 6, 14).

Trata-se, portanto, de um dom. Por isso, é mais que um sentimento de afeição, pois impele a alma a se doar inteiramente e a se comprometer pelo amigo, mesmo que custe algo. Neste sentido, o cultivo da amizade é nada mais que uma das modalidades do "remar contra a maré" pregado pelo Papa Francisco, aos jovens da Jornada Mundial da Juventude. Ou seja, a caminhada contra a cultura do provisório, do descarte, que visa somente os interesses próprios e não o bem comum. Em última análise, o cultivo da amizade é uma forma de amar.
Por conseguinte, se cultivar a amizade significa amar, ela não pode ter outro fim que não a amizade com Deus. Assim como explicou Santo Tomás em algumas questões da Suma Teológica, "a caridade é a amizade do homem com Deus em primeiro lugar, e com os seres que a Ele pertencem" (Cf. II, q. 23, a.1). Diferente da heresia deísta, que prega um Deus alheio ao ser humano, que após a criação, o teria abandonado, privando-o de sua graça e assistência, o cristianismo vive de um Deus não somente Criador, mas providente, que vem ao encontro da humanidade, vive no meio dela, a redime e a convida para essa comunhão. O Deus que já não chama a sua criatura de servo, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas de amigo, "pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai" (Cf. João 15, 15).

Essa é a beleza do cristianismo e a novidade da Boa Nova. Com Cristo, a amizade se torna ainda mais nobre e divina, pois encaminha o ser humano para a comunhão com Deus, único lugar onde ele pode encontrar repouso e felicidade plena. Por isso, a fé cristã não está somente baseada no serviço e no benefício, mas na sincera amizade com o Deus Criador.

O desejo de Francisco: uma Igreja em missão


Com sua mensagem para o Dia Mundial das Missões, Papa Francisco encoraja a Igreja a anunciar o Evangelho a todos os povos e culturas
A mensagem do Papa Francisco para o próximo Dia Mundial das Missões revela uma preocupação que, contrariando as análises fantasiosas de alguns, conforma-se totalmente aos ensinamentos de seus predecessores: a missionariedade cristã. E neste aspecto, foi taxativo: "não se pode anunciar Jesus sem a Igreja". Um golpe certeiro na mentalidade moderna que corrói alguns ambientes católicos e prega que é possível professar a fé na sua integridade sem pertencer ao Corpo de Cristo.
Esse ponto da espiritualidade cristã, sobre o qual Francisco tem se debruçado insistentemente, surge em boa hora, ainda mais quando se constata uma profunda confusão a respeito do significado de evangelizar. A confusão nasce daquela atitude denunciada por Bento XVI na Carta Apostólica Porta Fidei: “Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado”.

E isso se vê na prática, sobretudo em certas propostas missionárias que, em nome de uma errônea concepção de respeito, esvaziam a mensagem cristã de seu conteúdo, às vezes até mitigando alguns de seus ensinamentos, e em seu lugar propõem soluções políticas e ideológicas, sendo muitas delas contrárias à Doutrina Social da Igreja. Tal ativismo não só já foi rejeitado pelos Papas, como também condenado: "Devem ser chamados a melhores sentimentos quantos presumam que se possa salvar o mundo por meio daquela que foi justamente designada como a "heresia da ação": daquela ação que não tem os seus fundamentos nos auxílios da graça, e não se serve constantemente dos meios necessários a obtenção da santidade, que Cristo nos proporciona". (Pio XII, Exortação apostólica sobre a santidade da vida sacerdotal Menti nostræ, 58, 27 de setembro
de 1950).
É exatamente contra essa "heresia da ação" que Francisco se levanta na sua mensagem: "A Igreja – repito mais uma vez – não é uma organização assistencial, uma empresa, uma ONG, mas uma comunidade de pessoas, animadas pela ação do Espírito Santo, que viveram e vivem a maravilha do encontro com Jesus Cristo". Por isso, não faz sentido a ação social se ela não estiver enraizada no Evangelho, uma vez que "sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo" (Cf. Caritas in veritate, n. 3). Desse modo - lembra o Santo Padre - o anúncio da Palavra de Deus, feito a partir da Igreja, é "um princípio fundamental para todo o evangelizador". Além disso, "a solidez da nossa fé, a nível pessoal e comunitário, mede-se também pela capacidade de a comunicarmos a outros, de a espalharmos, de a vivermos na caridade, de a testemunharmos a quantos nos encontram e partilham conosco o caminho da vida". Ou seja, quem não anuncia Cristo em comunhão com a sua Igreja demonstra que não está convencido da mensagem que Ele deixou.

E não se diga que a evangelização dos povos e culturas é uma violência à liberdade de consciência, muito pelo contrário. "Propor a essa consciência a verdade evangélica e a salvação em Jesus Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que essa consciência fará (...), é uma homenagem a essa liberdade" ( Cf. Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 80). Portanto, ensina Francisco, "a missionariedade não é questão apenas de territórios geográficos, mas de povos, culturas e indivíduos, precisamente porque os «confins» da fé não atravessam apenas lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e mulher".

Por isso, muito oportunamente, o Papa Francisco lembrou o Beato José de Anchieta, durante a Jornada Mundial da Juventude, como "um grande apóstolo do Brasil". Num terreno marcado pelo preconceito e contra a evangelização de outras culturas, como a indígena, trazer à memória dos jovens o exemplo do missionário jesuíta é uma afronta ao politicamente correto e um convite sincero à desejada "Nova Evangelização".

Resumindo, a mensagem de Francisco nada mais é que a mensagem de Cristo: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações" (Mt 28,19).

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(atualizado!) Arquivo PDF com links para 341 vídeos do Padre Paulo Ricardo (clique aqui para baixar)

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Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem" – Versão PDF

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Rock: revolução e satanismo (clique aqui para baixar)

Historia de uma alma - Santa Terezinha (clique aqui para baixar)

Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola (clique aqui para baixar)

Caderno - Provas da existência de Deus (clique aqui para baixar)

Evolucionismo: mais do que teoria científica, um sistema metafísico (clique aqui para baixar)

Catecismo Ilustrado para Crianças (clique aqui para baixar)