As declarações de Parolin ao jornal venezuelano El Universal não trouxeram nenhuma novidade. Os católicos já estão cansados de saber que o celibato sacerdotal não é um dogma, mas uma antiga disciplina da Igreja, cujas fontes provêm diretamente do ensinamento dos apóstolos, tal qual lembra a grande obra do Padre Christian Cochini, "Les origines apostoliques du célibat sacerdotal". O III
Concílio de Latrão, em 1179, apenas a efetivou como norma da Igreja latina. Não se pode afirmar, com efeito, que o Papa tenha a intenção de modificar uma tradição apostólica à base da canetada, sem levar em consideração o testemunho de dois mil anos de Igreja. Embora assim desejem alguns jornalistas - e também saudosistas de uma
Ao contrário do que possa parecer, o descontentamento da mídia em relação ao celibato não procede de uma autêntica preocupação com o número de vocações. É do interesse dela a extinção dos padres. E as manchetes dos jornais estão aí para provar. Tenha-se em mente, por exemplo, a campanha odiosa de total difamação do clero - em pleno ano sacerdotal de 2010 -, perpetrada pelo The New York Times, BBC e cia. sobre o problema da pedofilia. A indignação da imprensa perante o celibato tem por causa outras razões, o mundo desejado por esses grupos é alheio à presença de Deus. A existência do celibato, neste sentido, "é um grande escândalo, porque mostra precisamente que Deus é considerado e vivido como realidade."
Foram com essas mesmas palavras que Bento XVI resumiu a aversão mundana à presença dos sacerdotes. Respondendo à pergunta de um clérigo da Eslováquia, durante vigília de encerramento do Ano Sacerdotal, o então pontífice observou ser surpreendente a crítica exaustiva ao celibato, numa época em que a moda é justamente não casar. "Mas este não-casar", prosseguiu o Papa, "é uma coisa total, fundamentalmente diversa do celibato, porque o não-casar se baseia na vontade de viver só para si mesmo (...) Enquanto o celibato é precisamente o contrário: é um "sim" definitivo, é um deixar-se guiar pela mão de Deus, entregar-se nas mãos do Senhor, no seu 'eu'"02.
A crítica da imprensa ao celibato - bem como a outras doutrinas cristãs - precisa ser encarada como um grande sinal de fé, pois revela a luz de Cristo sobre a escuridão do diabo. O padre desperta a ira dos infernos justamente porque é um homem sacrificado, um ícone visível da paixão de Cristo para o dia a dia dos cristãos. A Igreja nunca terá como parâmetro de vida as indicações mundanas, por mais apelativas que sejam. É precisamente o que diz o Cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero: "Não se deve baixar e sim elevar o tom: esse é o caminho."03 O celibato permanecerá na vida sacerdotal, queira os inimigos de Cristo ou não, já que para os católicos importa mais agradar a Deus que fazer a vontade do homem.